Exposição bibliográfica sobre o artista Almada Negreiros entre 29 de março e 18 de maio, no átrio da Biblioteca Pública de Braga (BPB), dando particular destaque à sua produção no domínio das letras. Entrada livre de segunda a sexta-feira, de 9h00-12h30 e 14h00-17h30. Iniciativa a assinalar os 125 anos do nascimento daquela figura ímpar do século XX em Portugal e no âmbito do ciclo expositivo “Efemérides” e das comemorações dos 175 anos da BPB, uma unidade cultural da UMinho situada em pleno centro da cidade.
Almada Negreiros (1893-1970) foi artista plástico, poeta, ensaísta, romancista e dramaturgo. Pertenceu, a par de nomes como Fernando Pessoa, Sá Carneiro, Santa Rita Pintor e Amadeu de Souza-Cardoso, à primeira geração de modernistas portugueses, dando um importante contributo para a publicação da "Orpheu", a revista estético-literária que se tornou um marco na vida cultural do país.
ContextualizaçãoConsiderado extravagante essencialmente por causa das suas atitudes em início de carreira, que mais não eram do que uma tentativa de demarcação dos valores vigentes, foi violento nos seus ataques aos mandarins culturais, como referiu no jocoso "Manifesto Anti-Dantas e por Extenso" ao classificar toda uma geração de "uma resma de charlatães e de vendidos." Joaquim Vieira sublinhou na fotobiografia sobre este autor que "surpreender, chocar, invectivar, com a ironia estampada no sorriso e a malicia no olhar era para Almada tão natural como respirar." Almada referiu que as suas obras "devem ser lidas pelo menos duas vezes pelos mais inteligentes e daí para baixo é sempre a dobrar."
Já o "Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do século XX", que apresentou oralmente a 14 de abril de 1917 no Teatro República e, no fim desse ano, foi publicado na Revista Portugal Futurista foi outro marco do seu combate pelo modernismo. "É preciso criar a pátria portuguesa do século XX", repetiu-o nesse polémico manifesto, desiludido com a nacionalidade: "Não tenho culpa de ser português, mas sinto a força para não ter, como vós outros, a cobardia de deixar apodrecer a pátria." O desejo que o animava era indignar os portugueses, induzindo-os a construir uma nação de cultura mais atualizada. Apesar de se ter reinventado permanentemente, de ter uma obra polifacetada e uma fervorosa produção poética, as iniciativas referidas no início da sua carreira marcaram toda a sua vida, condicionada pelos conceitos "Orpheu" e "Futurismo".
Fontes:
- www.dglb.pt/sites/DGLB/Portugues/autores/Paginas/PesquisaAutores1.aspx?AutorId=8783- Machado, Álvaro Manuel (org.). Dicionário de Literatura Portuguesa, Lisboa, Presença, 1996+Info: www.bpb.uminho.pt