A primeira edição ocorreu em 2019 e sobre a ditadura no contexto português. Este segundo ciclo contou com películas de Margarida Cardoso, Diana Andringa, Luciana Fina, Lucia Murat, Danielle Gaspar, Krishna Tavares e Flávia de Castro. Os seis filmes apresentados evidenciaram questões de memória, identidade e trauma decorrentes da ação do Estado Novo e da ditadura militar no Brasil, além do colonialismo português em África.
Por exemplo, Luís Carlos Patraquim, poeta e jornalista do cinejornal "Kuxa Kanema", comentou a 27 de fevereiro "Kuxa Kanema" (2003), de Margarida Cardoso. A realizadora Diana Andringa e o escritor Luandino Vieira dialogaram a 5 de março em torno do documentário "Tarrafal - Memórias do Campo da Morte Lenta" (2011). Já a realizadora Luciana Fina apresentou a 24 de setembro "Terceiro Andar" (2016), em diálogo com Vítor Ribeiro, programador de cinema da Casa das Artes de Famalicão.
A iniciativa foi uma organização Grupo de Investigação em Artes, Género e Estudos Pós-Coloniais (CEHUM) no âmbito do projecto de investigação "Mulheres, Artes e Ditadura. Os casos de Portugal, Brasil e Países Africanos de Língua Portuguesa", financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
SESSÕES
- 27 de fevereiro, 21h00, BLCS | "Kuxa Kanema" (2003), de Margarida Cardoso, com a presença do poeta e jornalista Luís Carlos Patraquim, apresentado por Joana Passos e Margarida Pereira
Sinopse | Após a Independência de Moçambique em 1975, o novo presidente eleito, Samora Machel, criou como ação cultural o Instituto Nacional de Cinema (INC). Com unidades móveis, ele percorria as localidades do país para exibir o cinejornal "Kuxa Kanema", nome com significado de "o nascimento do cinema". O documentário reconstrói o trajeto vivido pelo INC, desde seu começo até sua decadência.
- 05 de março, 21h00, BLCS | "Tarrafal - Memórias do Campo da Morte Lenta" (2011), de Diana Andringa, com a presença daquela realizadora e do escritor Luandino Vieira
Sinopse | O documentário recolhe as memórias do português Edmundo Pedro, um dos dois únicos sobreviventes do primeiro período no Campo de Concentração do Tarrafal, na Ilha de Santiago, em Cabo Verde. O local também era conhecido como o "campo da morte lenta" e foi criado pelo Governo português durante o Estado Novo. Construído aos moldes dos campos nazistas, era usado para aprisionar e afastar da metrópole de Portugal todos os presos problemáticos, como os portugueses contrários ao regime do período e nacionalistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde, que lutavam contra a colonização portuguesa.
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24 de setembro, 21h00, BLCS | "Terceiro Andar" (2016), de Luciana Fina, com a presença daquela realizadora e do programador de cinema Vítor Ribeiro
Sinopse | Em que língua é que vamos contar as histórias que nos foram contadas? Em que língua escrever uma declaração de amor? Centro histórico de Lisboa, Bairro das Colónias, terceiro andar. Fatumata e Aissato, mãe e primogénita de uma numerosa família originária da Guiné-Bissau, discutem o amor e a felicidade. Pelas sete da tarde, do terceiro até ao meu quinto andar, ressoa pelo prédio um som regular, sempre igual, como o bater do coração. O som sobe escadas e patamares, atravessa paredes, portas e corredores, habita as casas, as cozinhas e as varandas interiores.
- 08 de outubro, 21h00, BLCS | "Que Bom Te Ver Viva" (1989), de Lucia Murat, apresentado por Laís Natalino
Sinopse | Ex-presas políticas da ditadura militar brasileira analisam como puderam enfrentar as torturas e prisões, relatando as situações e como sobreviveram a esse período, onde delírios e fantasias são recorrentes. O filme intercala cenas documentais com um monólogo ficcional, que é uma amálgama dos relatos e das memórias dessas corajosas mulheres.
- 22 de outubro, 21h00, BLCS | "Atrás de Portas Fechadas" (2014), de Danielle Gaspar e Krishna Tavares, com apresentação daquelas realizadoras
Sinopse | Investigação sobre fatores determinantes na construção das convicções politico-ideológicas de mulheres durante a Ditadura Militar no Brasil. Se as mulheres das organizações de esquerda lutaram pela participação política e contra a repressão, as mulheres da elite brasileira deixaram os seus lares apenas provisoriamente para defendê-los da "ameaça comunista". Esses eventos influenciaram o debate sobre o comportamento e a condição da mulher na sociedade brasileira.
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05 de novembro, 21h00, BLCS | "Diário de uma Busca" (2011), de Flávia Castro, com apresentação daquela realizadora
Sinopse | Outubro, 1984. Celso Castro, jornalista com longa história de militância de esquerda, é encontrado morto no apartamento de um ex-oficial nazista, onde entrou à força. A polícia sustenta que se trata de um suicídio. O episódio, digno de um filme de suspense, é o ponto de partida de Flávia, filha de Celso e diretora do filme, que decide reconstruir a história da vida e da morte do homem singular que foi o seu pai. É uma viagem no tempo e na geografia: a diretora volta aos cenários do exílio familiar, da ilusão e do fracasso de um projeto político. As vozes imbricadas de Celso (de suas cartas) e de sua filha constroem um retrato íntimo de uma relação marcada pela história e pela ausência.
+Info: cehum.ilch.uminho.pt/default/gaps,
ceh.ilch.uminho.pt/womanart,
ceh.ilch.uminho.pt/womanart/?cat=107, Joana Passos (jfvpassos@gmail.com) e Laís Natalino (laisnatalino@ilch.uminho.pt)