Descrição
Como campo epistemológico de fronteiras muito híbridas, os Estudos Curriculares têm vindo a afirmar-se como um domínio que privilegia os projetos de escolarização, as questões de intervenção profissional e os processos e práticas de formação e educação formal e não formal. Assim se compreende que a conceção e o desenvolvimento do currículo estejam associados a processos organizacionais que se prendem com a escolarização e com a formação de educadores e professores. Daí a pertinência da proposta de criação de um curso breve no âmbito dos Estudos Curriculares.
Além disso, à semelhança do que se passa em vários países europeus, vive-se hoje em Portugal um tempo educativo que desafia as escolas a alterarem as suas práticas curriculares, de modo a conseguirem preparar os estudantes para se integrarem e intervirem num mundo que se transfigura de forma rápida e profunda. De facto, se o acesso à escola é hoje generalizado, isso já não é suficiente para que as crianças e os jovens que a frequentam aprendam e confiram sentido e utilidade – pessoal e social – ao que aprendem. Para que isso aconteça é necessário que a escola se afirme como um espaço dinâmico e aprazível, onde professores e alunos se sintam envolvidos e, num estilo de educação compartilhada, tenham liberdade para dar asas à sua criatividade, sabendo que são reconhecidos como protagonistas da atividade escolar.
Assim se justificam as mudanças legislativas que, nos tempos mais recentes, têm provocado uma efetiva transformação das escolas, com intuito de as mesmas se reinventarem de modo a forma a transformar o paradigma educativo que veiculam, a reduzir as taxas de abandono escolar e a melhorar o sucesso dos estudantes. Neste domínio, as propostas veiculadas tanto pelo Decreto-Lei nº 54/2018, de 6 de julho, como pelo Decreto-Lei nº 55/2018, de 6 de julho, são sintomáticas, traduzindo de forma clara a intenção da tutela criar condições para que as mudanças nas/das escolas decorram de forma clara e efetiva.
É nesta ordem de ideias que os distintos atores escolares se veem envolvidos em processos de trabalho que visam a concretização de conceitos como autonomia, flexibilização, articulação e inovação curricular, hoje reconhecidos como eixos estruturantes da mudança e melhoria das práticas curriculares e dos processos de ensino-aprendizagem que se desenvolvem nas escolas. Importa, por isso, deslindar os significados que lhes estão associados e compreender os contributos que podem propiciar ao fenómeno educativo, numa lógica em que as estruturas intermédias e os docentes de cada instituição se responsabilizem e criem condições para que os estudantes se envolvam na vida da escola e se sintam valorizados e reconhecidos como principais protagonistas na construção dos seus conhecimentos e no desenvolvimento das suas competências.
Resultados de aprendizagem
(I) Caracterizar as atuais políticas educativas e curriculares em Portugal;
(II) Identificar as principais mudanças a imprimir no paradigma educativo português;
(III) Fundamentar o conceito de currículo perfilhado e o posicionamento adotado ao longo do processo de desenvolvimento curricular;
(IV) Justificar a necessidade de o professor/educador se assumir como mediador curricular reflexivo e crítico;
(V) Reconhecer a necessidade de o Professor/Formador se assumir como um decisor curricular;
(VI) Relacionar a metodologia de projeto com o desenvolvimento de competências profissionais e o desenvolvimento de uma cultura de colaboração na escola/instituição;
(VII) Discutir as implicações dos processos de autonomia, flexibilidade e articulação curricular na mudança e inovação das práticas;
(VIII) Identificar propostas legislativas que viabilizam caminhos de mudança e inovação curricular;
(IX) Fundamentar propostas de inclusão curricular e sucesso educativo.