João Gaspar Cunha, estudante de doutoramento em
Engenharia Eletrónica e de Computadores da Universidade do Minho, conquistou o “Best
Innovation in HRI NeuroDesign Award”, na conferência internacional
“IEEE RO-MAN”, realizada nos Países Baixos. O galardão distingue projetos
pioneiros na interação humano-robô e, na ronda final da competição, tinha
outros 14 participantes do Canadá, Espanha, EUA, Índia, Irão, Itália e Países
Baixos.
“O doutoramento é por vezes ingrato, porque exige
bastante tempo e dedicação, por isso estou muito feliz por este reconhecimento, que é também o resultado do
trabalho construído em equipa no Laboratório de Robótica Móvel e Antropomórfica
do Centro Algoritmi da UMinho”, refere João Gaspar Cunha. O seu estudo laureado,
“The neuroevolution of collaborative decision-making in robotic assistants”,
tem a supervisão dos professores Estela Bicho e Wolfram Erlhagen (UMinho) e Raymond Cujpers
(Universidade Tecnológica de Eindhoven, TU/e).
Darwin inspirou
“cérebro” do robô
O projeto
recorre a um algoritmo evolutivo, inspirado na teoria da evolução de Charles
Darwin, para gerar automaticamente o “cérebro” do robô. Em vez de ser
programado ou treinado diretamente, o sistema evolui arquiteturas internas,
selecionando progressivamente as mais eficazes para a colaboração com humanos.
“No início, são
geradas estruturas simples e pouco funcionais, que vão sendo refinadas ao longo
do processo evolutivo até emergirem comportamentos colaborativos e
complementares que pretendemos. Desta forma, o robô passa a decidir quando deve
agir, quando deve complementar a ação humana e quando deve permanecer inativo,
permitindo uma colaboração mais natural em tarefas partilhadas”, concretiza
João Gaspar Cunha.
A investigação tem em vista uma nova geração de
parceiros robóticos neuroadaptativos, capazes de colaboração fluida e
semelhante à humana. O projeto aplica princípios da neuroevolução e da teoria
de campos dinâmicos neuronais para criar sistemas adaptativos e interpretáveis,
capazes de decidir quando ajudar e quando agir de forma autónoma em tarefas
partilhadas, explica o autor.
Natural de Braga e com 28 anos, João Gaspar Cunha fez o mestrado integrado
em Engenharia Eletrónica Industrial e Computadores pela UMinho, realiza o
doutoramento na mesma área pela UMinho e pela TU/e, com apoio da Fundação para
a Ciência e a Tecnologia, e desenvolve a pesquisa no laboratório MARLAB do
Centro Algoritmi, na Escola de Engenharia da UMinho, em Guimarães. Foi investigador do Laboratório Colaborativo de
Transformação Digital (DTx), docente convidado do Instituto Politécnico do
Cávado e do Ave (IPCA) e tem participado em congressos e com artigos em
revistas científicas internacionais.