Acaba de ser aprovada pela Comissão Europeia a candidatura para financiar a criação de um grande centro de investigação de excelência europeu em medicina regenerativa, com sede em Portugal e coordenação da UMinho. O concurso foi altamente competitivo. O concurso Teaming teve 170 projetos dos mais diversos países da Europa, sendo selecionadas numa primeira fase 31 candidaturas. Destas, e após cerca de três anos de trabalho nas candidaturas, só 10 foram eleitas para serem financiadas por Bruxelas. O The Discoveries Centre for Regenerative and Precision Medicine é o único centro eleito com sede em Portugal, que foi selecionado pelos avaliadores independentes nomeados pela Comissão Europeia, que investirá 150 milhões de euros na criação destes centros.
A Comissão Europeia reconhece assim a ambição do projeto e a excelência e qualidade do consórcio e dos objetivos propostos. A candidatura foi formalmente coordenada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), tendo a coordenação científica e liderança da preparação da candidatura e futura instalação do centro sido delegada em Rui L. Reis, vice-reitor da UMinho, diretor do Grupo 3B's e do laboratório associado ICVS/3B's, presidente mundial da TERMIS - Tissue Engineering and Regenerative Medicine International Society (com membros de 90 Países) e diretor-geral do Instituto Europeu de Excelência em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa.
Investimento total ronda 100 milhões de euros
A iniciativa aprovada tem como objetivo criar em Portugal um novo centro de investigação de excelência, multicampi, na área de Medicina Regenerativa e de Precisão. O The Discoveries Centre pretende focar-se em investigação multidisciplinar, que será traduzida em métodos inovadores para serem aplicados na prevenção e tratamento de doenças músculo-esqueléticas, neuro-degenerativas e cardiovasculares. Resulta da parceria, um processo de "teaming", entre cinco universidades nacionais (Minho, Porto, Aveiro, Lisboa e Nova de Lisboa) e a University College London (UCL), do Reino Unido, líder mundial em Ciências e Tecnologias da Saúde.
O projeto,
apresentado publicamente em maio no Porto, conta com 15 milhões de euros de financiamento direto da Comissão Europeia, bem como o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regionais (CCDR) do Norte, Centro e Lisboa e Vale do Tejo. Prevê-se que o investimento total da sua instalação nos próximos sete anos ronde 100 milhões de euros, acrescidos de verbas próprias conseguidas em concursos e contratos pelos investigadores afetos ao novo centro. O projeto terá sede no AvePark (Caldas das Taipas, Guimarães),
campi no Porto, Aveiro, Lisboa e um
campus de suporte no centro de Londres. A sede será uma nova infraestrutura que faz parte do Roteiro Nacional de Infraestruturas Científicas promovido pela FCT, denominado TERM Research Hub, que corresponde a um investimento adicional de cerca de 11 milhões de euros a ser assegurado pela CCDR-N e pela FCT.
Será uma das maiores e mais produtivas
hubs de investigação da Europa nas áreas da engenharia de tecidos humanos, medicina regenerativa, biomateriais e células estaminais. Compreenderá o edifício atual do Grupo 3B's da UMinho, também sede do Instituto Europeu de Excelência em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa (com 22 parceiros em 13 países), bem como um futuro edifício denominado Instituto Cidade de Guimarães, numa parceria com a Câmara Municipal de Guimarães.
Com Centros I&D e cientistas que dificilmente se reuniria noutra área em Portugal
O The Discoveries Centre for Regenerative and Precision Medicine deverá ter um efeito estruturante na ciência portuguesa, podendo dar origem muito rapidamente ao maior e mais produtivo centro de investigação baseado em Portugal. Deverá ainda ter condições únicas para atrair talento científico internacional. A sua criação envolve centros e institutos de investigação nacionais classificados como Excelentes ou Excecionais pela FCT, reunindo numa única proposta um conjunto de centros e cientistas que seria muito difícil reunir em qualquer outra área científica no país.
Destacam-se o Grupo 3B's e o ICVS da UMinho, o IBB, o IMM, o INESC-ID e o INESC-MN da ULisboa, o CEDOC e o IBET da UNLisboa, o I3S da UPorto e o CICECO e iBiMED da UAveiro. Da parte da UCL estão as seguintes entidades: Eastman Dental Institute and Hospital, National Hospital for Neurology and Neurosurgery and Institute of Neurology, School of Pharmacy, School of Engineering, UCL Insitute of Biomedical Engineering, UCL Hospitals, UCL Enterprise, UCL Business e o TRO- Translational Research Office. A proposta teve ainda apoio da Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI). Com forte visão translacional, de proteção de propriedade intelectual, de empreendedorismo e comercialização, o centro de excelência irá contribuir para o aumento da competitividade do setor da biomedicina e irá estimular, de forma geral, o emprego científico altamente qualificado e o crescimento económico a vários níveis.
Os próximos passos incluem a presença a 23 de novembro, em Bruxelas, de Rui L. Reis, a convite do eurocomissário para a Investigação e Inovação, Carlos Moedas, e do diretor-geral para a Investigação e Inovação da Comissão Europeia, Robert-Jan Smits, no âmbito da conferência "Spreading Excellence and Crossing the Innovation Divide", decorrendo aí uma receção e sessão de interação com os coordenadores das 10 propostas financiadas pela Comissão Europeia. Está ainda previsto que, dada a relevância destes dez projetos no panorama da ciência europeia, os contratos sejam assinados numa cerimónia pública em Bruxelas em fevereiro de 2017.
