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Malária está mais difícil de tratar devido às suas múltiplas mutações

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A Escola de Medicina da UMinho, em Braga
Pedro Ferreira e Isabel Veiga (foto: ICVS)
A malária é transmitida pela picada dos mosquitos Anopheles, contaminados pelo parasita Plasmodium (foto: Rawpixel.com)
quinta-feira, 24/04/2025
Pedro Ferreira e Isabel Veiga (foto: ICVS)
A sua resistência ao fármaco é mais complexa do que se pensava, conclui uma investigação internacional que junta cientistas do ICVS-UMinho.

Uma equipa científica internacional demonstrou que o parasita da malária está a resistir a tratamento devido às suas múltiplas alterações genéticas e não a uma única mutação, como se julgava até aqui. O estudo saiu na conhecida revista “Nature Communications” e reforça a teoria proposta em 2020 pela equipa de Pedro Ferreira e Isabel Veiga, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da Universidade do Minho, que participaram no novo trabalho e defendiam a hipótese de alterações nos genes plasmepsin e mdr1.

A recente pesquisa revela que a resistência à piperaquina (um medicamento essencial no tratamento da malária) deve-se a múltiplas alterações genéticas no parasita da malária. Em particular, variações no gene plasmepsin 3 estão associadas a uma eficácia reduzida do tratamento com di-hidroartemisinina-piperaquina e a um maior risco de recorrência da malária, sobretudo entre crianças em países africanos, onde a doença é mais prevalente.


“Esta descoberta confirma o que sugerimos há cinco anos e tem implicações importantes na forma como controlamos e tratamos a malária”, afirma Pedro Ferreira. O estudo sublinha a urgência de métodos avançados para acompanhar e monitorizar a resistência a antimaláricos. As atuais estratégias de vigilância centradas em mutações genéticas individuais podem não ser suficientes.


Tratamento repetido reduz eficácia


A piperaquina permanece no organismo humano durante várias semanas e protege contra novas infeções. Já a di-hidroartemisinina só perdura algumas horas, deixando a piperaquina depois isolada. Ou seja, futuras combinações de medicamentos antimaláricos devem ter uma farmacocinética similar para retardar a resistência do parasita.

Além disso, a vida semi-longa da piperaquina pode deixar de ser uma vantagem se o seu uso for repetido em escala, sobretudo em regiões com muitos casos de malária ou ao ser aplicada habitualmente por prevenção em crianças e grávidas. Isto é, o parasita tende a adaptar-se mais rapidamente e corre-se o risco de haver doentes novamente infetados após o tratamento. Os cientistas alertam que, se nada for feito, a piperaquina pode deixar de ser eficaz como medicamento preventivo em muitos países.

O recente estudo foi coordenado pelo Instituto Karolinska (Suécia) e juntou vinte cientistas, incluindo das universidades do Minho, Lisboa, Nova de Lisboa, Exeter (Reino Unido), Tübingen, Heidelberg (ambas na Alemanha) e de Ciências e Tecnologias de Bamako (Mali), bem como do Centro de Investigações Médicas de Lambaréné (Gabão), do Centro Alemão de Investigação de Infeções e da Fundação Oswaldo Cruz (Brasil).

Esta equipa prepara-se agora para testar alternativas antimaláricas em grávidas, como a sulfadoxina-pirimetamina e a sua eficácia profilática em alternância com a piperaquina, procurando assim formas de manter a proteção sem acelerar a resistência.

Dia Mundial da Luta contra a Malária


A 25 de abril assinala-se o Dia Mundial da Luta contra a Malária, reconhecendo os esforços globais neste âmbito. A malária é transmitida pela picada dos mosquitos Anopheles, contaminados pelo parasita Plasmodium. Segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2023 houve 263 milhões de casos de malária, incluindo 597 mil mortes em 83 países. A África está associada a 94% dos casos, 76% dos quais com crianças até 5 anos de idade. A Ásia, a América Latina e, em menor escala, o Médio Oriente e partes da Europa também têm sido afetados.

+Info: www.med.uminho.pt, www.icvs.uminho.pt, www.who.int/campaigns/world-malaria-day/2025
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