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XXVI Encontros da Imagem | Exposições de Christto & Andrew, Brian Griffin e Céline Gaille no Museu Nogueira da Silva

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Convite geral
Christto & Andrew
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Brian Griffin
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Céline Gaille
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Christto & Andrew
23/09/2016 - 05/11/2016
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XXVI Encontros da Imagem, sob o tema "Happiness, a place in the sun", de 24 de setembro a 5 de novembro em vários espaços de Braga, incluindo o Museu Nogueira da Silva, unidade cultural da UMinho no centro da cidade, a receber nas suas galerias as exposições de Christto & Andrew, Brian Griffin e Céline Gaille, e no seu salão nobre, a 23 de setembro, o simpósio "Rethink photography; can photography make a change?". Entrada livre de terça a sexta-feira, das 10h00-12h00 e 14h00-18h30, e ao sábado, das 14h00-18h30. Outras exposições dos Encontros da Imagem em espaços da UMinho são as de Klaus Pichler, Georges Pacheco, Roger Guaus e Susan Barnett no Convento de S. Francisco, e de Sam Harris, na Reitoria.

"Photographs", de Brian Griffin

Durante os anos setenta, iniciei a minha carreira como fotógrafo profissional, ao começar por receber encomendas para trabalhar com revistas de negócios. Dois exemplos desses trabalhos fotográficos são Alan Brown, Head of Training Services Division of Manpower Services London (1980) e Chris Law, Accountant, London (1976). Tentei mudar a forma como era feito o retrato fotográfico destas pessoas de negócios. A indústria musical gostou da forma como eu tinha fotografado esses executivos e homens de negócios, pelo que começou a fazer-me encomendas. Foi também nessa época que montei o meu próprio estúdio para poder desenvolver tecnicamente a minha fotografia. Aqui apresento dois exemplos desses trabalhos, Siouxsie (1984) e Nick Turner of Inner City Unit (1981).

Nessa mesma época, a cidade de Londres sofreu um grande desenvolvimento empresarial. Esse acontecimento foi apelidado de Broadgate e nasceu de uma perspetiva visionária sobre as novas necessidades das empresas. “The Big Tie” foi uma série fotográfica que eu criei para promover a abertura da nova pista de patinagem no gelo, mostrando o progresso da construção do espaço, bem como a maqueta de todo o processo de evolução. Eu tive a ideia, sob alguma pressão, durante uma viagem de comboio com destino ao local onde teria que entregar o meu projeto. Um dia um executivo inclinou-se em direção à maqueta e a sua gravata apareceu no sítio onde estava a ser construído o edifício. Cada vez que ele se inclinava por cima da maqueta a sua gravata aparecia do nada no céu, naquele mesmo lugar que era real.

Este acontecimento estava a atrasar a construção do edifício, assim sendo, foi enviado um conjunto de trabalhadores para agarrar a gravata e puxá-la do céu. Nesta tentativa a gravata caiu na estrada principal e fez parar todo o trânsito. Os trabalhadores, de seguida, pegaram na gravata e atravessaram o estaleiro da construção em direção à pista de patinagem no gelo. Nesse local, a gravata do executivo transformou-se num tapete e os trabalhadores transformaram-se numa guarda de honra. Ao olhar para a maqueta o executivo viu a sua gravata, pegou então nos seus patins de gelo e entrou pela maqueta dentro, percorreu o então tapete mágico e foi patinar na nova pista de gelo ao ar livre.


"Aceita-O - 
Um Álbum Português 1919-1979", de Céline Gaille

A exposição foi criada a partir livro "Aceita-o – Um álbum português 1919-1979", Ed. The Eyes Publishing, 2016. O encontro acidental com o rosto de uma foto antiga foi o ponto de partida de um sonho que parecia o eclodir de um grande fogo. Um segredo de família será revelado. O silêncio inicial de uma mulher, o mistério de um pai desconhecido e diferente, de uma irmã fantasiada, o afastamento incompreensível do filho, os silêncios aparecem na trama obscura da história desta família que se assemelha a tantas outras.

Sozinha, viúva, Fernanda, a lisboeta, usa as suas próprias fotografias e outras recebidas há um ano com uma carta da Catarina, a branca mulher da Guiné, que diz ser a filha do mesmo pai, para fazer a revelação sobre as suas origens familiares a seu filho Guilherme. É o início de um novo olhar sobre eles, sobre ela própria e o Portugal ultramarino até então desconhecido. Esta família espalhada através do oceano Atlântico remete também para a história de Portugal e do seu antigo império colonial, da ditadura, da violência que esta produziu além e aquém-mar.

Céline chegou a Lisboa em agosto de 2014. A ideia de inventar e construir um álbum de uma família de ficção nasceu do meu desejo do usar fotos privadas para criar um narrativa de memória colectiva. Livros de história, romances, poesia portuguesa e reportagens radiofónicas responderam à sua curiosidade pela história deste país. Quase meio século de Salazarismo e a implosão do império colonial, após as guerras coloniais em África durante os anos 60, parecem ter calado as memórias individuais e escurecido uma memória coletiva, apesar da Revolução dos cravos e da mudança de regime político em 1974. Quarenta anos mais tarde, este passado ainda é um tema delicado e muitas vezes calado. Embora distante a esta história, Céline Gaille escolheu trabalhar sobre o silêncio que cobre o estrondo deste mundo desaparecido, do qual ainda existem muitos resíduos ao nosso alcance.

Na Feira da Ladra, entre 2014 e 2016, foi comprando uma e outra fotografias, até coleccionar dezenas de imagens pequenas e anónimas, sem conexões umas com como outras. Estas imagens de família carregam com elas um bem comum que a artista queria entender melhor, uma memória de um povo pelo qual tinha imensa curiosidade e interesse. Elas permitiram contemplar uma memória que não era a sua, entre sonhos e confusão.

Depois veio o momento de restituir uma capacidade de vida a cada pedaço de existência através da construção de uma ficção narrativa. Queria responder à pergunta: de que memória se trata? Ao olhar para estas imagens, tinha a sensação de uma estranha semelhança entre as pessoas. Confiante com o desconhecido, as minhas reflexões levaram-me ao outro português, através da sua vida familiar e da sua memória íntima. Trata-se também de uma memória coletiva e uma memória privada, de Portugal e da Europa.

Céline Gaille vive em Lisboa, mas antes viveu em Paris, Roma e em Nova York, e viajou pela Europa de leste e pela Rússia. No seu trabalho de autor, ela demonstra uma pequena inclinação para o velho, o estranho, e o privado. Céline tem curiosidade sobre o que está "do outro lado do espelho" e em explorar isso, ela persegue as memórias e as identidades através da fotografia. A fronteira entre a observação documental distante e a proximidade pessoal ao tema é muito estreita, já que o registo da realidade pode não ficar completo sem a sua consciência comum. A sua abordagem literária da fotografia atua no desejo de contar histórias e criar imagens como projeções. O seu passado ligado à história da arte, o seu gosto pelo outro e um lugar no estrangeiro, são uma grande influência na sua investigação visual.

"Glory of the artifice and Liquid Portraits", de Christto & Andrew

O desejo de possuir coisas maravilhosas levava Andy Warhol a acumular caixas em armazéns, com objetos que nunca voltaria a ver. Anos antes, a Rainha Victoria, cujas posses se estendiam por vários continentes, tinha procurado um subterfúgio para este desejo de colecionar; graças ao aperfeiçoamento da recém inventada técnica fotográfica, ela fez álbuns onde apareciam todos os seus pertences e cada um deles. O prazer ao rever estes álbuns residia no facto de, em caso de deterioração, poder replicar qualquer um desses objetos.

Não deixa de ser significativo o que aconteceu em paralelo com a investigação sobre a técnica fotográfica e as transformações económicas modernas. Enquanto uma tentava captar a natureza fugaz, a outra fornecia formas de duplicar e superproduzir, assim, o que deveria ser fotografado não só se multiplicava nas suas representações, como também na sua própria essência. De modo que, na atualidade, não só contamos com um maior número de imagens reproduzidas, mas também com clonagens dos próprios objetos, e até mesmo dos lugares e das pessoas, permitindo a aquisição de imitações dos supostos originais.

Nos dias de hoje podemos perguntar-nos onde está o artifício, que lugar ocupa a imitação, a recriação de tudo aquilo que antes era exclusivo, ou até como identificar o luxo nos tempos modernos? Onde reside o valor, no objeto ou na reprodução que evidencia a sua posse? Assim, somos rotulados, mapeados, é-nos colocada uma etiqueta no pé com os nossos nomes.

A rainha Victoria, olhando foto após foto, imagens diferentes do mesmo objeto, deliciando-se com a sua modernidade. Qual é a diferença em relação ao nosso egocentrismo; à nossa perceção perante uma modernidade única e homogeneizadora, atravessada pelos filtros do decolonial, onde continuamos a usar as mesmas estratégias do século XIX, onde é contraposta uma suposta autenticidade de forma a eufemizar o original? Esse valor de autenticidade, que deslocamos das imagens aos objetos, aos lugares, às pessoas e aos seus comportamentos, e até mesmo aos afetos. É curioso como a ilustração propiciou uma mudança no luxo, tanto que até nos custa pensar que este tivesse sido um território eminentemente masculino, olhando a feminização que sofreu ao longo dos últimos séculos, e que é facilmente percetível ao observar as indústrias atuais.

E é neste território onde os objetos, as identidades, e a sua representação se multiplicam replicando-se sobre si mesmos, que Christto & Andrew (n.1985/1987) criam uma zona de atrito. Não é em vão que a sua inclusão nas modernidades seja apresentada com base num território de conflito, como é o Qatar, onde coexiste um desejo de hipermodernidade, e de gerar uma contemporaneidade com base num modo de entender a riqueza aliado a uma vontade de preservar a tradição. Deve permanecer inalterado ou interligar-se com essa atualização do país? De que forma? Para além disso, a sua visão é a de dois migrantes, um porto-riquenho e um sul-africano, que constroem um imaginário nesse espaço, e a partir dele. E é nessa coexistência de modernidades que criam a sua produção e instalação fotográfica, evidenciando esse conflito, essa esquizofrenia permanente.

Deste modo, “Glory of the Artifice” (2015-2016) e “Liquid Portraits” (2014-2015) partem de estruturas tradicionais da história da arte, de retratos e de naturezas-mortas, sobre as quais impõem uma saturação, tanto cromática como de sentido, que gera uma crise na nossa perceção. Não é em vão que a sociedade ocidental tem sido acusada de sofrer de cromofobia, adicionando assim mais uma fobia às estruturas de homogeneização propostas. Se pegarmos em algumas das imagens pertencentes a esta série, tais como “An Unusual Request” (2015) ou “Collapse of Time” (2015), conseguimos facilmente identificar muitos dos itens que definem a nossa sociedade contemporânea: comunicação, proteção, segurança, ostentação, raça... porém cada um destes elementos contém o seu oposto de uma forma óbvia e dolorosa; está na fragilidade do traje, na impossibilidade de realizar uma chamada, cada detalhe fala-nos de fraturas.

Superproduzidos no excesso e no seu oposto. Flutuantes em identidades que continuam enquadradas em estruturas rígidas. Já não é necessário que evidenciemos a coexistência de alfabetos em “The Advance of Absoluted Knowledge” (2014), pois atravessa-nos uma multitude de línguas. É possível que a melhor forma de torná-lo evidente seja utilizando as suas próprias ferramentas. Trabalhar através da imagem, como fazem Christto Sanz e Andrew Weir, mas trabalhar também com os dispositivos nas quais são expostas. Demonstrando que essa coexistência de modernidades é tão artificial como os retratos com que as ilustram, deixando notório que continuamos a ser imagens vestidas com os disfarces das nossas identidades.

Com essas roupas voltamos ao início, à Condessa de Castiglione, uma batalhadora pelo artifício que tenta acalmar a sua necessidade de frescura, mas ao mesmo tempo de prazer, nas paisagens enclausuradas pelos pisa-papéis. É possível que consigamos que o trabalho de Christto & Andrew produza em nós uma cruel delícia com a sua maravilha, e que assim possamos surpreender o mundo, questionando-o através delas.


Christto & Andrew são uma dupla de artistas atualmente a viver e a trabalhar em Doha, no Qatar. As sua imagens fundem-se entre si como se fossem peças de um quebra-cabeças para mostrar através da sedimentação de símbolos, os efeitos da história, política, economia e cultura popular em que a sociedade contemporânea está assente, especificamente na região da Arábia. Assim, cada objeto ou personagem retratado nas suas fotografias é convertido em reflexões simbólicas destas estratificações presentes na sociedade do Qatar.

Utilizam o Qatar como exemplo, exagerando nas suas cores e composições; e com um humor particular assinalam o constante desenvolvimento, e o estado maleável de transformação em que se encontra o país. Da mesma forma, objetos resgatados em áreas de construção são transformados em moldes de cimento e os trabalhadores, em modelos que através da fotografia subvertem as noções de valor, de mercantilização e de ocupação. Desta forma, Christto e Andrew, não criticam, apenas apresentam dois diálogos paralelos, o dos locais e o dos estrangeiros, tecendo conjuntamente uma complexa rede de culturas e subculturas evidentes na maioria dos contextos do Golfo e da região MENA. A prática artística de Christto e Andrew evolui como um processo simbiótico, reforçado por uma polinização cruzada das suas diferentes origens.

+Info: www.mns.uminho.pt,
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www.facebook.com/eimagem, encontrosdaimagem.com/pt/2016/exhibits/photographs
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